DUAS OPÇÕES: ÁGUIA OU ÁGUIA

DUAS OPÇÕES: ÁGUIA OU ÁGUIA
(Maristela Ormond)


Imagem retirada da web

Com quantos textos que falam sobre a magnitude da águia já nos deparamos? Vários deles nos falam trazendo mensagens de coragem, de força.
Ela é um símbolo muito usado para textos motivadores e com certeza cada um de nós tem uma bela e magnânima águia dentro de si, por este motivo gostamos tanto dessa imponência e desse exemplo de superação.  
São aves fortes, solitárias, certeiras e que possuem um voo invejável, o qual alçamos somente em nossos sonhos, pois neles somos tão poderosos como uma águia.
Seu exemplo como fortaleza é o que mais nos impressiona, sua capacidade de renovação, nos deixa abismados, mesmo porque vários de nós, desistiríamos e faríamos uma opção contrária...
Na verdade não saberia dizer ao certo se este ritual de renovação da águia é correto ou não, não saberia dizer também se esta ave realmente tem uma vida estimada em setenta anos, mas existe uma bela história de renovação da águia que nos leva a meditar sobre quão forte e perseverante é este espécime.
A águia é uma ave que possui uma bela longevidade, dizem que chega a viver setenta anos, mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela deve tomar uma difícil decisão que é a da renovação.
Seu bico toma uma forma muito curva e já não consegue caçar como antes, suas unhas compridas e flexíveis não conseguem agarrar suas presas, suas asas estão com penas frágeis e então ela tem duas alternativas: morrer ou enfrentar um processo dolorido de renovação de aproximadamente cento e cinquenta dias.
Ela se isola em uma encosta de pedras, onde não precise voar e então bate com o bico em uma pedra até que consiga arrancá-lo e espera até que um novo nasça. Depois de ter um bico novo ela vai arrancar suas unhas e quando novas unhas nascem ela começa a arrancar suas penas para que haja a substituição por penas novas e adquira novas asas para alçar novos voos, completando assim, o seu ritual de renovação para viver por mais trinta anos. Lindo isso não?
Também estou certa de que muitos de nós já tivemos acesso à parábola que fala sobre a “Águia e a Galinha” e com certeza chegamos à conclusão de que devemos ser uma águia e não uma galinha...
Mas pelo “andar da carruagem” também já chegamos à conclusão de que para ser uma águia pagamos um preço muito alto, pois imitar ou ser como ela é ser diferente e ser diferente é estar contra uma maioria que se deixa abater com facilidade, quando o que queremos realmente é voar alto e galinha não voa alto, pelo menos, por minhas observações...
É muito difícil manter-se como a maioria para que não te observem e não te compreendam, então muitas vezes, preferimos mantermo-nos nos voos rasantes como os da galinha e não correremos o risco de levarmos tantas “bicadas” já que estamos rodeados por elas.
Passar por um processo de renovação é muito complicado para todos os seres humanos, mas é um risco que temos que correr para que possamos sobreviver dentro de nossa sociedade. Somos sempre estimulados por nós mesmos a não mudar, a não trocar de opinião ou forma de viver, já que isto mexe muito com nossa “zona de conforto” e assim vamos levando a vida, muitas vezes não tão confortáveis, a ponto de explodir de uma hora para outra e nem nos apercebermos de que estamos procurando o fim dela por ter uma cabeça dura ou por sermos inatingíveis... Pois é, se seguíssemos o exemplo de uma águia e não de uma galinha, talvez fossemos presas mais difíceis diante de tudo que nos acontece no dia a dia.
Estamos nesse momento passando por uma renovação de mundo, no sentido geral, renovação social. Já não compreendemos mais o que está acontecendo ao nosso redor, já não compactuamos muitas vezes, com o pensamento de determinadas pessoas, já não nos entendemos dentro de nossa própria família e aí é que vem a pergunta: o que de fato está acontecendo com o mundo? Ou outras vezes pensamos: Será o mundo ou serei eu? Porque temos a impressão de estarmos sozinhos rodeados de tanta gente, de tantos “amigos” e continuamos nos sentindo só?
É... penso que devemos dar ouvidos àquela voz que conversa conosco lá no fundo de nossa alma e respondermos afirmativamente a esses “insights” que na maioria das vezes ignoramos. Devemos voar com nossas asas enormes e deixar que nosso bico seja arrancado para que possamos nos alimentar novamente e beber de novas fontes de água pura, devemos perder as garras que já não servem mais para predar absolutamente nada para dar lugar a suavidade de dedos que acariciam, devemos trocar a visão que temos dos capítulos selvagens que assistimos para pensar no amor de forma a literalmente seguir o mandamento do “Amai-vos uns aos outros” que sei que é muito difícil, o mais difícil de todos, mas só assim poderemos falar em uma verdadeira renovação de mundo, falar em seguir o exemplo de uma águia.

O que efetivamente conta não são as coisas que nos acontecem. Mas, sobretudo, a nossa reação frente a ela. (Leonardo Boff) 

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